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  • Foto do escritorTaís

A Princesa e o Castelo


Quem quer ser Princesa de um Castelo em ruínas?

Senhora de todas as pedras e paredes corroídas pelo tempo.

Senhora de muitas batalhas perdidas e uma guerra vencida.

Não há correntes que a prendam; a Princesa é completamente livre para ir ou para ficar.

Ela tece seus fios, lá no alto perto das nuvens, onde o silêncio é rompido pelo barulho da roca que fia as tramas do destino, lua após lua.

Sem fuso que ouse espetar nenhum de seus dedos e com isto levá-la novamente ao torpor do sono profundo. A Princesa acordou orgulhosa de si, revigorada, sem desespero, mesmo que a sua volta enxergue apenas escombros. Ela está feliz, afinal é sua vida que está ali — suas derrotas, seus erros, suas falhas, os enganos e todas as lágrimas de tantas madrugadas em que chorou sozinha. Tudo ali lhe pertence; espólio de sua dor que servirá para reerguer estruturas

Senhora absoluta do silêncio que reina em um lugar onde tudo, algum dia, foi ilusão de felicidade.

Quem, como a Princesa — e seu Castelo — perdeu todas as fundações, tornou-se pó, areia do tempo e ainda assim insiste em resistir para existir?

Princesa adormecida em uma torre onde nenhum Príncipe irá chegar. Não porque não seja bem-vindo, sempre será, mas não é mais esperado como aquele cavalheiro encantado que traz salvação e alegrias eternas, pois o fio da sua espada é cortante demais e pode ferir mesmo a quem ele muito ame.

Nesta torre não há portas nem janelas. O telhado, sob o qual ela dorme, é todo feito de estrelas e ela sonha.

Debaixo de toda pedra que levanta e em meio a todo caos, aos poucos ela reencontra seus tesouros. Uma pérola aqui, um cristal precioso ali, um anel debaixo de uma coluna tombada. Escondido no que resta do trono de seu pai, ela encontra um livro de páginas em branco, uma pena e um tinteiro.

E no momento, é tudo o que ela precisa para reescrever sua história, só que desta vez, com um final feliz.

Castelo de Montemor-o-Novo / Fotos: @citurismo_evora
















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