A chegada da idade não é algo que me preocupe. Não, não está perto do meu aniversário. Tenho estas reflexões diante das mais variadas situações do dia a dia.
Não me preocupam os fios de cabelo branco, as linhas que surgem no meu rosto nem tão pouco a perda de elasticidade e agilidade do meu corpo.
Tenho minhas vaidades; compro cremes que não uso, loções que se perdem nos armários, batons que desbotam, cápsulas que não tomo. Faço sim minhas tentativas, não pense mal de mim, não é desleixo, nem descaso nem falta de amor-próprio. Apenas me percebo ainda a mesma, toda vez que me olho no espelho.
Não sinto a necessidade de disfarçar as marcas para despistar o tempo. Talvez quem me olhe pense diferente, mas é assim que me vejo. É que minha vaidade está em outras coisas. Está em tudo que faço, tudo que penso, tudo que sinto, tudo que construo, tudo que a muito custo consigo ser.
Minha vaidade está no que faço bem, nas coisas que concluo e até mesmo no que ainda está em construção. Talvez tudo isso me traga o mesmo prazer que traga para algumas mulheres vestir um scarpin vermelho salto agulha. E tudo é lindo, tudo é válido. Não existe nisto o certo ou o errado, não existe uma cartilha sobre o Ser, a gente apenas é o que é.
O tempo me trouxe a consciência de não forçar minha natureza no que não seja necessário para o meu bem-estar. Tento fazer o que me faz bem, o que me dá prazer, o que me faça sentir completa, o que alimente minha alma e se algum dia isto incluir encarar um salto 20 agulha, estamos aí!
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