Entre uma foto e outra, 40 anos se passaram. O penteado é o mesmo, o sorriso, os olhos bem vivos. A expressão de quem é curiosa com tudo sobre a vida também continua aqui.
A cor do cabelo mudou, eu era ruivinha. Hoje, meus castanhos brigam com os meus brancos para saber quem domina meu espírito.
Discutem o tempo todo. E eu acho isso uma tremenda perda de tempo, porque quem domina meu espírito é o meu coração, e este está quase o tempo todo no céu da minha boca ou na ponta dos dedos das minhas mãos.
Talvez por isso tenha, às vezes, a impressão que está tudo tão fora de lugar. Talvez, seja essa íntima desordem o que me faça ver o mundo desse jeito tão peculiar.
Sonhadora. Viajante. Andarilha. Arcano 0 ou 22. Ouroboros."Não começo nem termino, é nunca é sempre".
Dia desses tinhas uma pergunta no stories de alguém: "Se pudesse voltar no tempo, o que diria para criança que você foi?"
Eu diria para essa guriazinha ruivinha que tudo que ela imaginou existe e que tudo o que ela sonhou é possível acontecer. Diria para ela que um dia encontraria o menino com quem conversava em pensamento, e que ela não ficasse triste se ao encontrá-lo ele não a reconhecesse e a deixasse partir.
Diria que continuasse acreditando nas pessoas, que todas elas, mesmo as que não parecessem tão boas, teriam algo bom para lhe ensinar. Pediria que seguisse sempre corajosa e que nada temesse, pois jamais estaria sozinha.
Pediria que amasse. Amasse muito, rogaria para que jamais perdesse sua essência amorosa. Diria que amasse, não importa o que acontecesse.
Amasse sobretudo, e principalmente, aqueles que menos merecessem, pois sempre seriam esses, os que mais precisariam de amor.
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