Eu não sabia como seria o dia de hoje.
Não sabia se quem chegaria primeiro ao Sítio do Picapau Amarelo seria a Taís-menina, a Taís-mãe, a Taís-profissional ou a Taís-pesquisadora.
Não sabia qual delas chegaria com mais força.
Mas quando percebi que tirei os sapatos logo que passei pelo portão, para poder sentir os pés na terra, soube que quem tinha chegado primeiro era a menina. Queria voltar à minha infância, e voltei.
Abracei Lobato e vi o contraste dos tons das nossas peles. Ele era moreno tal qual sua representação na escultura que fica na entrada do Sítio.
Lobato tinha a cor do Brasil e a imprimiu em sua obra do início ao fim.
Abracei também todos os personagens que moram por lá. Entrei na gruta da Cuca, visitei a cozinha da Tia Nastácia, vi as lindas aquarelas que Lobato pintou.
Em meio a tantos abraços chegou a Taís-mãe. Foi indescritível a sensação de poder ver os meus guris correndo de pés descalços pelo Sítio, brincando com outras crianças com aquela pureza tão única da infância, em que (em menos de cinco minutos) todos se tornam melhores amigos.
Quando peguei o livro do Ricardo e da Andréia em minhas mãos, a Taís-profissional sorriu e abraçou com muito carinho este livro tão cheio de significados. Uma homenagem linda, de bisneto para bisavô, atravessada pelo amor intenso de um casal cúmplice em todos os momentos da vida.
A Taís-pesquisadora esteve lá o tempo todo, mas acredito que - por razões que somente a magia possa explicar - ela tenha ficado apenas observando sem interferir. Amanhã quando acordar, ela retorna aos livros, entrelinhas e buscas. Hoje, não.
No Sítio do Picapau Amarelo mora uma família muito maior do que a que eu imaginava encontrar, e me senti um pouco parte dela.
Foi um enorme prazer abraçar todas as pessoas com quem, direta e indiretamente, trabalhei neste projeto: todos na mesma vibração, com o mesmo amor e diálogos intermináveis com o Lobato.
Sim, ele é danado, conversa com a gente e nos faz virar crianças quando bem quer. Lobato nos devolve aqueles cinco minutos mágicos da infância. Por instantes, esquecemos que somos gente grande e nos abrimos para o mundo e uns para os outros sem receios.
Foi lindo!
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